30 novembro 2011

bless the rains in africa

trabalho

Afinal, nesta terra quem trabalhe.

29 novembro 2011

na estrada

Sábado passado, uma viatura vinda de uma rua perpendicular àquela em que eu circulava, passou um sinal vermelho e não me deu tempo para parar, provocando alguns danos materiais e muitos contratempos. O principal contratempo do incidente (nem acidente lhe posso chamar) deve-se ao facto de o outro condutor não estar segurado e ter agora que suportar os danos do bolso dele - vamos ver como, a reparação deve orçar nuns 2 anos de um salário pouco generoso...
Este episódio, aliado àquele ocorrido há umas semanas, em que constatei na primeira pessoa que assistência em estrada apenas existe em self-service, fez com que me apetecesse fotografar o carro e dissertar sobre o assunto. 
Ontem de manhã, soube desta notícia.
Sexta-feira passada, ao final da tarde, estive reunido com o condutor deste carro, um promissor jovem profissional de talvez 24 anos.
Nesta terra, é fundamental não ter avarias nem indicentes. E, muito menos, acidentes.
RIP Aly.

21 novembro 2011

devagar - part IV

Para que possa ser feito o seguro das instalações, a seguradora quer saber a área a segurar – em m2. Como a planta existente não é exaustiva, pedi aqui à Graciete para medir a sala não constante da planta. Receoso dos habituais enganos e faltas de entendimento sobre o objectivo de tarefas simples, completei o “Preciso de saber a área da sala lá de trás” com um mais exemplificativo “Pegas na fita e medes da porta até à parede lá de trás; depois, medes da parede do lado esquerdo até à parede do lado direito”, pensando que desse modo mais dificilmente iria ter problemas com o resultado.
Volvidos talvez 5 minutos, a Graciete estava de volta com as medidas. “Da porta até lá atrás são 500; da parede da esquerda até à parede da direita são 500” – a fita é em cm, pelo que entendi a medida. Preparava-me para tomar nota e informar a seguradora em conformidade quando ela acrescenta “mas da parede da esquerda até à parede da direita não são 500”. “Não são 500? Então?”, digo eu, ao que ela me retribui “São 500 e mais um palmo”.
Depois da gargalhada quase geral, em que a própria Graciete participou, perguntei em tom jocoso se o palmo era dela, ao que ela responde “Não, por acaso era do Celso, que era quem estava do outro lado da fita”, preparando-se para o chamar para lhe medirmos o palmo e tornar rigorosa a medida.
Até hoje, não cheguei a entender se os “500 e mais um palmo” se ficou a dever a uma falha no conhecimento da utilização de uma fita métrica de 5 m para medir uma distância superior à dimensão da fita (possível, mesmo frequentando ela o 2º ano de engenharia), ou se à tradição, local e pessoal (dela) em fazer as coisas sem esforço. Ou então sou mesmo eu quem anda muito depressa

ressano garcia

Na Europa, que hoje tanto se discute, estamos habituados a viajar entre países sem qualquer tipo de preocupação ou limitação; aqui, tal como num passado europeu não assim tão distante, temos que dar contas ao estado sobre de onde, quanto tempo e para onde, não podendo os visitantes permanecer no país mais do que 30 dias consecutivos. Esta realidade obrigou a mais uma deslocação à África do Sul, apenas para cumprimento dessa formalidade.
Uma vez atravessada a fronteira e a bem das aparências (as travessias de fronteira devem ter outra finalidade teórica que não o visto), decidimo-nos por permanecer do outro lado durante cerca de uma hora, e mesmo não sendo complicado ter uma permanência mais curta que aquele minuto que dispendi há coisa de um ano, foi a única vez que atravessei uma fronteira apenas para ir a um restaurante de fast-food - um KFC à moda local, com molho picante.
No regresso, o primeiro funcionário embirrou com a quantidade de vistos de um dos passaportes, o que nos deixou apreensivos quanto à possibilidade de reentrada e sem qualquer motivo para sorrisos - pelo menos até à chegada de um chefe de semblante austero, cuja placa de identificação quase nos fez desmanchar a rir. Mas a cara de poucos amigos revelou-se enganadora, já que o chefe Tototo emitiu novos vistos sem levantar qualquer tipo de objecções.

(não, não me recordo do primeiro nome dele - como poderia?)

20 novembro 2011

CFM


O terminal da ferrovia que liga Joanesburgo a Moçambique e que está na génese da cidade.

14 novembro 2011

tofo

Perto da cidade de Inhambane e perto de um dos destinos já visitados, a praia do Tofo, perto da vila com o mesmo nome, é destino quase obrigatório para quem gosta de praia – e, embora não seja o caso, de desportos de prancha. Por isso, desde há umas semanas, combinámos um fim de semana por aquelas paragens e programámos os 600 km de viagem até lá. E foi assim:
14:00, partida – virtude (?) dos atrasos femininos com as malas e os preparos de última hora, apenas hora e meia depois da hora programada. Coleman cheio e tempo não demasiado quente, o que vai ajudar na viagem.
14:50: distrito de Marracuene. Desta vez, talvez também por na véspera se terem comemorado os 124 anos da cidade de Maputo de muitos terem gozado uma rara ponte, atravessar Benfica e o Zimpeto revelou-se bem mais rápido que o habitual.
14:55: ainda no distrito de Marracuene, parados pela polícia por conduzir a 101 km/h numa zona de 60. Como o código da estrada foi recentemente revisto, os refrescos aumentaram de modo directamente proporcional às multas, tendo a brincadeira custado 1500 Mtn. De qualquer modo, pelo preço consegui saber onde estavam as patrulhas na província de Gaza.
16:20, travessia do Limpopo e da cidade do Xai-Xai. Aqui o clima está bem mais quente que em Maputo e sem o vento habitual da cidade.
17:10, num local não indicado pelos primeiros, parados por nova patrulha por conduzir a… 101 km/h numa zona de 60. Ou eles têm aquilo bem montado, ou eu tenho uma condução muito uniforme, foram mais 1500 Mtn e seguimos  viagem, supostamente com mais informações sobre as patrulhas seguintes já em território de Inhambane.
17:35, final de dia e em plena N1, na zona de Zanvamela (eu também não sei onde fica…), a cento e não muitos km/h: a luz do óleo acende. Ponto morto, motor desligado, deve ser nível de óleo baixo – o motor consome algum óleo – e parámos. Capot aberto, a vareta seca, toca de abastecer o cárter com algum… que cai todo para o chão: o bujão do óleo tinha saltado fora.
17:47. À quinta tentativa, atendem-me o telefone, “Procura aí no Google um serviço de reboques, um serviço de táxis, ou um rent-a-car aqui na zona do Quissico”, “Quissico?”, “Sim, fica a uns 150 km a norte de Xai-Xai”, “Ok, deixa lá ver, já te ligo”, mas os telefonemas de nada serviriam, o Google não sabe sequer onde fica o Quissico. A esta hora importa também comunicar com o hotel a informar que vamos chegar tarde (vamos?), mais um telefonema e do lado de lá dizem que falam português, inglês e coreano (coreano?), mas que preferem inglês, que estão mais habituados.
E foi em inglês que explicámos, que não iríamos chegar a horas, talvez ele pudesse aconselhar um táxi, um reboque, qualquer coisa, que era noite e não nos apetecia dormir no carro, ali naquele ermo, naquele traço de alcatrão que atravessa a selva; e, em inglês, aconselhou-nos não o táxi, mas a dormir ali mais perto, que ia dar-nos o telefone de um lodge no Quissico, que era mais prudente ficar por ali e não tentar fazer os restantes quase 200 km naquele dia. E, agora em português, mas com saudades daquele que falava coreano e inglês, conseguimos a custo uma reserva no tal lodge e o telefone de um tal de Horácio, que era primo de alguém e que tinha forma de nos rebocar.
20: 18 O Horácio, a quem interrompi o jantar em família, fez comigo o negócio do mês: cobrou 2500 Mtn para nos rebocar com uma corrente de uns 2 m (eu quase nem via o pára-choques da carrinha dele) os 22 km que nos separavam do Quissico e deixou que parássemos o carro avariado à porta de casa dele, que era “mais seguro, aqui ninguém mexe no carro”. Agora, já que estava incluído no preço, só faltava levar-nos até ao tal de Eco Logde da Lagoa.
22:00 Se ficar parado em plena N1 era cenário pouco agradável, sermos conduzimos por um desconhecido Horácio e pelo ajudante Alcides durante 45 minutos através de um caminho sem luz, sem alcatrão – basicamente, sem caminho, a ouvir o Enrique Iglesias a pleno pulmão, sem sequer saber se nos levava efectivamente ao lodge ou se nos conduzia a um ermo mais ermo ainda, onde fossemos desapossados dos nossos pertences, foi cenário que me retirou uns bons meses de vida.
O lodge, Eco, dizem eles, que é coisa da qual não sou adepto: sem electricidade, sem fechadura na porta do quarto, que aqui é tudo amigo e vive-se em paz, com redes a servir de janelas, com um balde a servir de duche, que tínhamos que voltar a encher “lá fora”, com uma cozinha comum em regime de “usas, escreves no caderno, lavas a loiça que usares e pagas no final” – mas pareceu um verdadeiro oásis ao fim de seis horas de um deserto imprevisto!


Às 6:00 da manhã seguinte estávamos a pé. Um português mais corajoso que eu (dormiu no lodge por escolha), deu-nos boleia na parte de trás da pick-up dele - em rigor, a “senhora pode ir lá dentro, para si é que não tenho espaço”, e ainda falam na igualdade dos sexos; de qualquer modo, foi um passeio agradável, e pelas 10:00, já de pequeno almoço tomado no local mais improvável da minha vida, uma sandwich de ovo estrelado (ainda estou vivo, os ovos não estavam estragados), estávamos junto ao carro a negociar com um novo interveniente, um mecânico que até sabia do assunto, que trouxe um óleo que custava metade do preço que me cobrou e um bujão que me custou ainda mais, mas pronto, naquele local e àquela hora não havia escolha e tinha mesmo que ser.
Para além do lodge, a lagoa do Quissico era linda e valia a pena regressar lá, agora com o óleo bem seguro dentro do cárter e com a necessidade de fazer um teste fora-de-estrada para garantir que podíamos regressar a casa. Entre a lagoa, o mar e a estrada de volta, acabou por ser um sábado bem sucedido!






O Tofo vai ter que ficar para depois…