25 agosto 2010

aqui ao lado

Recebi há dias um mail com um texto alegadamente escrito pelo Michael Richards, o famoso Kramer do Seinfeld, que falava do complexo do racismo nas comunidades não brancas dos Estados Unidos, denominado "Orgulho em ser Branco", que transcreve o discurso de defesa dele em tribunal quando acusado de fazer comentários racistas numa peça. Eu chamo ditadura das minorias ao tema que ele refere - claro que "minorias" são todos os grupos que supostamente são ou foram alvo de discriminação em algum momento da história, não necessariamente uma minoria efectiva.
Lembrei-me desse texto no final da semana passada.

Chegado ao aeroporto de Joanesburgo, verifiquei que a South African Airways tinha feito asneira com a minha mala - basicamente, perdeu-a, embora eu soubesse do paradeiro dela. Perante tal facto, dirigi-me a um balcão da SAA, onde apresentei o meu caso e onde estavam já duas pessoas a reclamar exactamente da mesma situação. Para esclarecer, eu, embora não muito claro, sou ainda considerado branco, e era o único dos três reclamantes que apresentava essa característica. Naturalmente, perante a inoperância da funcionária, negra, a conversa começou a azedar, o que fez com que ela dissesse aos dois queixosos estrangeiros (e homens, era uma sul-africana negra, a outra queixosa), que não queria saber do problema deles, trataria apenas de resolver o problema à conterrânea. Disse-o alto e bom som, sem quaisquer reservas e sem receio de ser ouvida - diria até que com algum orgulho, e fiquei eu e o queixoso remanescente, Angolano, a olhar um para o outro, incrédulos.
Sei que não foi uma questão de pigmentação que motivou a funcionária; não sei se terá sido uma questão de género, já que a resposta foi dirigida a homens: mas imagino que, caso houvesse inversão de papéis, fosse que inversão fosse, o cenário e as consequências seriam bem diferentes e estaria a esta hora um funcionário branco xenófobo, ou um funcionário homem desrespeitador dos direitos das mulheres em sérios apuros.

Finalmente, depois de alguns quilómetros de corredores e controlos de indentificação, conseguimos contactar uma outra funcionária, branca, que garantiu que eu passava um fim de semana com roupa interior em condições.

24 agosto 2010

just a glimpse

Dia 50

11 agosto 2010

10 agosto 2010

from a distance

Hoje falei com Sófia e com Estocolmo.
Com um moreno feio (mas bom rapaz) e com uma loira lindíssima.

09 agosto 2010

devagar - part III

Dia 40.
Desde que cá cheguei que ando a tentar contratar carro, casa e telemóvel. Hoje fui levantar o carro.
Só o consegui fazer porque tenho na entidade vendedora quem confie em mim, que o processo de compra vai ainda demorar pelo menos mais uma semana a ficar concluído, entre carimbos, assinaturas, certidões e certificados, confirmações e garantias. Telemóvel... o contrato ficou concluído há uma semana mas... não há aparelhos em stock e talvez a meio desta semana - aqui entre nós, vai ser bem mais que isso. Entretanto vou usando um daqueles descartáveis que comprei à chegada.
Casa?
Certo que tenho um padrão de exigência a cumprir, não pelo luxo ou pela dimensão, mas porque quero trazer companhia. A verdade é que aqui existem extremos, e entre o muito bom - e demasiado caro para mim - e o muito mau, há muito pouco. Para além disso, tal como em muitas das actividades locais, estamos a tratar de um mercado acertadamente denominado de informal. que funciona na rua, com informadores de informadores que conhecem alguém que tem um vizinho que tem uma casa para alugar, impecável, fez obras nem há um mês e está pronta a habitar. Diria que em 80% dos casos, os informadores enganaram-se na rua, a casa já foi alugada, a renda não era aquela, os proprietários moram na casa que está para alugar - que a desocupam caso encontrem inquilino - ou, simplesmente a casa não existe de todo.
Para já, moraria apenas em duas das talvez vinte casas que consegui ver, em meia centena de tentativas - mas consegui conhecer os hábitos de lavagem de roupa de uma dúzia de famílias locais.


Para enquadrar as ordens de grandeza das rendas: apartamento num 10º andar sem elevador (ou com elevador das 7h às 10h e das 17h às 22h), em zona considerada fora do perímetro de segurança pode custar 400 euros mensais; apartamento dentro do perímetro, com elevador em funcionamento pleno e com gerador de back-up ronda os 1000 euros; vivenda geminada em zona intermédia, em estado médio de conservação, cerca de 1600 euros; vivenda em zona nobre da cidade, 3000+ euros mês.


06 agosto 2010

devagar - part II

É a primeira vez na vida que oiço alguém pedir-me para andar mais devagar. A pé!