Depois da primeira hora e meia quase parados na fila que contemplava as obras que nos impediam de prosseguir, foram mais cinco as horas que precisámos para chegar ao destino, uns vinte minutos para lá de Inhambane.
A estrada estava em muito bom estado, razoavelmente sinalizada e extremamente vigiada, com radares que medem a velocidade e que fotografam as viaturas que excedem os limites. Não faço ideia de qual o valor das multas, uma vez que os simpáticos agentes da autoridade resolveram tudo entre sorrisos e "entre nós", de forma mais célere, cómoda e barata para o automobilista: duzentos paus e seguimos caminho, em novo excesso de velocidade.

Também a população aparente uma muito maior densidade que a sul e enquanto que a caminho da fronteira de Komatipoort podemos andar uma meia hora sem ver qualquer peão, este percurso é totalmente diferente: quase que nem sequer conseguimos parar o carro para podermos procurar a privacidade da parte de trás de uma qualquer areca de maior porte.
Acabámos por chegar já depois do Sol se ter escondido do nosso lado esquerdo, apenas a tempo de jantar: a tempo de um excelente jantar. A paisagem ia ficar para a manhã seguinte.
Depois... bem, depois foi uma chatice... A paisagem era isto e não era preciso fazer rigorosamente nada, estava tudo incluído - até mesmo o transporte até ao quarto num carro de golfe, que a gerência não queria que o cliente se cansasse... A sério, foi chato.

A praia... a praia não era má de todo. Estendia-se por uma vintena de quilómetros e, sem que a tivéssemos sequer reservado, estava por nossa conta. O mar, embora um pouco agitado, permitia que se nadasse, o que acabava mesmo por ser necessário se quiséssemos refrescar-nos, já que na zona menos profunda a água insistia em manter-se acima dos 30º.
Final da tarde, maré alta, era tempo de regressar àquele lugar chato dos mergulhos e fazer tempo para ir até onde um verdadeiro chef preparava um excelente jantar à luz da vela e ao som de uma marrabenta tocada ao vivo. E espantosamente livre de insectos, apesar da envolvente pantanosa.
A pior parte estava para vir: o regresso. Não havia vontade para as mais de seis horas necessárias para percorrer os quinhentos quilómetros de regresso à realidade, e ainda menos vontade para encarar uma nova segunda-feira, depois daquele fantástico sábado.
É um daqueles lugares onde poderia viver.