28 outubro 2011
26 outubro 2011
polícia
Por cá, a segurança pública é garantida pelos agentes da PRM, vulgarmente conhecidos como “cinzentos”, ou “cinzentinhos”, por causa da cor dos uniformes que envergam.
São indivíduos maioritariamente jovens, muitos deles aparentando ter não mais do que 16 anos, seguramente sem qualquer treino no manuseamento das velhas Kalashnikov AK-47 que carregam para todo o lado; para além do tempo que passam a rondar as ruas em cima das pernas, são por vezes transportados em cima de umas pick-up, sentados costas com costas em dois bancos de jardim que adicionaram à caixa de carga, pick-up essa conduzida por um dos tais adolescentes, com uma formação tão profunda em condução quanto o treino que têm nas AK, que os faz cometer toda a espécie de infracções e, em caso de emergência, coloca em perigo particularmente os ocupantes dos bancos de jardim que transportam. Talvez seja este modo de transporte que quando contabilizado conjuntamente com a baixa esperança média de vida registada no país que faça com que a idade de admissão destes desgraçados seja tão baixa. Um outro critério de admissão que importa referir é um QI nunca acima de 75 – estou a ser simpático. Claro que isto tudo junto resulta num salário miserável, o que faz com que eles tenham que encontrar expedientes adicionais para adicionar alguns meticais aos 2 mil e poucos que levam formalmente para casa no final de cada mês (a taxa de câmbio actual, favorável ao metical por virtude da queda do euro ao longo do último ano é de 38 MTN = 1 EUR).
O expediente mais comum é a intimidação. Na cidade, facilmente se encontra um turista com um ar tenrinho, a quem facilmente se encontra um defeito na impressão do passaporte, um carimbo de entrada pouco legível, ou mesmo um simples “temos que falar na esquadra”; é claro que para um incauto, dois ou mais cinzentos armados até aos dentes, ainda que com armas ferrugentas que mais facilmente nos matariam de tétano do que com uma munição que disparassem, constitui um cenário suficientemente assustador – e a “multa” é suficientemente barata. Para além da intimidação, existem a pedinchice do género “Boss, ajuda lá para comprar pão”, processo não ostensivo mas seguramente irritante; a imensa lata que se pode materializar num “Tens os documentos em dia?", "Tenho", "Então dá lá mola para comprar uma cerveja”; e a criatividade, que constitui o melhor género, claramente digno de remuneração.
Um domingo, oito da manhã, avenida 25 de Setembro totalmente vazia (a 25 de Setembro tem duas faixas para cada lado e separador); semáforo vermelho, no qual eu paro. Arranco ao verde e, depois de engrenada a 2ª, talvez com a camioneta a 30 km/h, mandam-me parar. “Documentos”, que receberam, leram e devolveram, com um “Está tudo bem…”, logo seguido de um “… mas vou ter que te multar”. “Multar? Porquê?”, “Fizeste manobra perigosa”, “Desculpa? Arranquei com o verde, vinha a 30 à hora e a direito numa rua destas…”, “Pois, mas fizeste manobra perigosa: parecia MESMO que ias virar… e não viraste.”
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